segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A pálida

Hoje fui tirar sangue, para fazer aqueles exames chatos. Acordei, me levantei, peguei a primeira roupa que vi na frente, escovei os dentes e fui. Quando cheguei ao consultório fiquei observando uma mulher, ela estava muito abatida, com os cabelos bagunçados, com a roupa amassada e fiquei imaginando o que aquela mulher estava sentindo. Ela estava tão distante, com o rosto e o olhar triste, como se estivesse perdida, estivesse em outro planeta e não conseguia se concentrar em nada. Ela não reparava nas pessoas ao seu redor, na chuva que caia lá fora, nada nada... Estava nítido que ela estava sofrendo, aquele rosto pálido, amarelo, sem um pingo de maquiagem, aquele olhar triste como o de quem passou a noite chorando... Eu estava com pena daquela mulher, porque não precisava ser nenhum psicólogo, nenhum analista para enxergar que ela não estava bem. Fiquei tentando imaginar o que afligia aquela moça. Foi quando chegou a minha vez de ser atendida, e ao chegar à atendente com um espelho atrás dela reparei que a moça infeliz, sou eu. Era eu quem estava ali sendo vitima dos olhares das pessoas. Feia, desarrumada e sem vontade de me levantar, e era eu. Eu era tudo aquilo. Mas naquele momento, decidir que me recuso a permanecer nesse estado. Mesmo com um pouco menos de sangue, um pouco menos de cor, um pouco menos de beleza e um pouco menos feliz, eu tenho obrigação de ficar bem. Não vou esperar a próxima pessoa a acabar comigo, mas preciso procurar algo para me preencher. Mas agora a única coisa que quero que me complete é a minha presença.

b.monitchelle

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