sábado, 22 de janeiro de 2011

Não te amo e nunca amei

Na verdade não amo você. Como poderia amar alguém que não se importa comigo? Você me ignora. E quer saber? Na verdade não sentir nada quando te vi com aquela baixinha, gorda e loira, que não combina nada contigo, ela é ridícula. Como você pode sair com ela? Mas e daí? Eu não amo você. Ainda te procuro por preguiça de procurar outra pessoa. Preguiça daquelas conversinhas chatas, de pessoas chatas e de lugares chatos. Como tudo ainda me lembra você? Por que em meio de tanta gente, de tantos lugares, festas, pingas e amigos eu ainda me lembro de você. Seu olhar apaixonado. Mas eu não te amo, porque se amasse meu sono seria paz e tranqüilidade, e não um inferno e vontade de morrer. Ainda que eu não te ame, estou cansada. Os últimos meses chorando serviram ao menos para me secar por dentro e me deixar mais forte. Preciso encontrar um caminho, e já dou ate risada por isso. Porque o único caminho que eu quero e preciso seguir é o que me leva até você. E esse meu não amor já nem cola mais. Meus amigos, minha família, meu cachorro e o mundo já não suportam esse meu não amor por você. Meus amigos dizem para eu não pronunciar nem o seu nome. Minha mãe maldiz você o tempo todo, e fala que sempre soube que nosso relacionamento não daria certo. Até seus amigos dizem para eu te esquecer. Bebidas só me deixam com dor no estomago, e não serve de refugio. Escrever para você, ouvir músicas que me lembram você, falar com gente que te conhece, te mandar mensagens. Tudo isso já se tornou algo ridículo e absurdo. Tenho vergonha de mim. Como um não amor faz isso comigo? Eu não amo você, porque nem eu mesmo suporto esse amor. É como se as pessoas na rua, os filmes da locadora, o meu celular, os carros de som que passam atormentando as minhas tardes, a moça da padaria, os chocolates que como toda tarde, o mundo inteiro. É como se tudo isso gritasse: “Ei Bruna, para! Ninguém mais agüenta você e esse seu assunto repetitivo! Chega!!!” E no meio da noite, quando eu decido que estou ótima, que tenho uma vida maravilhosa. Tenho amigos e uma família fantástica, e que finalmente me livrei de você, e você não representa nada pra mim, me lembro de coisas que já passaram a muito tempo. E começo a gostar muito de você, e é um gostar diferente é um gostar que não se parece nada com algo que está acabando. Lembro do dia que eu fui fazer almoço pra você na sua casa, e fomos assistir filme e você disse do tamanho da minha boca. Lembro de quando um carro ultrapassou o seu e você falou que era um carro velho e na verdade era o mesmo modelo e demos risada por isso. Lembro de quando estávamos na sorveteria e você falou que meu cabelo tava perdendo a cor. E lembro a primeira vez que te vi, e falei pra minha amiga que te achei meio feio, magro e muito alto, e que não tinha interesse em você. Até que você despertou em mim sensações que jamais havia sentido, me fez perder a respiração e finalmente entendi a expressão ‘borboletas no estomago’, fiquei tonta e completamente sem ar, e tive certeza naquele momento que meus filhos seriam um pouco feios, magros e altos. E então, no meio da noite, enquanto penso tudo isso, pergunto as pessoas na rua, aos filmes da locadora, ao meu celular, aos carros que me irritam, a moça da padaria, aos meus chocolates e ao mundo todo que já não agüenta mais esse assunto: porque vocês não me ajudam? Porque vocês perderam a graça? Porque vocês também ficam tão tristes quando ele não aparece? Porque vocês todos não são absolutamente nada quando ele não está aqui? Porque mesmo eu sentindo tudo isso, não sei ainda se é amor? Porque?...

(b. monitchelle)